Gestão condominial qualificada
Um plantio que requer tempo para aflorar bons frutos
A vida, é assim como aplicar os procedimentos de uma jardinagem, que requer planejamento, implantação e manutenção. Ou seja, requer a aplicação de várias técnicas adequadas para proporcionar harmonia, beleza, equilíbrio, segurança, higienização, etc.Inicialmente é necessário o plantio. Em alguns casos, a correção do solo. Na sequência, aplicar técnicas necessárias de adubação. Em alguns momentos, é necessário realizar algumas podas, visando a limpeza e melhor formação destas. E assim, esperar que se aflorem boas, lindas, produtivas plantas e, que o resultado final em alguns casos, seja a produção de bons frutos e/ou lindas flores.
Ser síndico, efetuar uma boa sindicância, realizar uma boa administração e efetivar uma boa assessoria jurídica para condomínio, não é diferente do processo de jardinagem. Aliás, a sabedoria da vida é assim!!!
O maior de todos os líderes e inspiradores deste mundo, ou melhor, o Criador do mundo, já nos deixou esse ensinamento… “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu (..)”.
É preciso tempo… e com ele, dedicação, presença, zelo, cuidado. Pois se algo, que já é importante e, entra dentro de um planejamento de tempo, tornar-se urgente, é porquê não teve o devido cuidado, ou, correto planejamento. Claro, que existem exceções à esta regra e, sobre isso, falaremos numa outra oportunidade.
É por isso que, o trabalho de sindicância, que é algo antigo, mas que ultimamente tem vestido uma nova roupagem em sua metodologia e prática diária, requer seja realizado com profissionalismo, com dedicação e com imparcialidade.
Sabe por qual motivo abordo este tema? Para clarear um pouco as ações ou omissões arbitrárias que tem acontecido constantemente em nosso mundo condominial, que divaga entre os quatro cantos que buscam a materialização e aprimoramento do bem coletivo, quando na verdade, estão visando apenas interesses próprios e, isso, se vê em ações praticadas por síndicos, gestores, administradores, advogados, conselheiros, condôminos e outros prestados de serviços.
Tem sido comum, no dia a dia da assessoria jurídica que oferecemos aos condomínios, verificarmos por parte de condôminos uma insatisfação pelos serviços realizados pelo síndico, pela administradora e, até mesmo pela própria assessoria jurídica, sem justificativas plausíveis. Me refiro à uma pesquisa/análise geral, ciente de que existem situações peculiares e que divergem dessa abordagem. Mas, em regra geral, tratam tais serviços como se fossem um trabalho “fast food” e que devem atender, primordialmente, seus interesses particulares, independente destes serem certos ou errados. Como se fôssemos produtores de “milagres” ao invés de prestadores de serviços. Contratam-nos para a satisfação de objetivos individuais e/ou com o intuito de perseguições pessoais, tanto num trabalho administrativo como jurídico. O bem coletivo fica para um segundo plano.
E, em contrapartida, temos visto também, empresas que cumulam prestações de serviços, com o intuito de monopolizarem o coletivo e, de alguma forma, manter-se vinculados ao condomínio, independente da satisfação do serviço prestado. Por óbvio que, por uma questão econômica e até de investimento por parte dos prestadores de serviços, é necessário que estes tenham o mínimo de segurança com o cliente, quando da formalização contratual e da efetivação da prestação dos serviços que se propõe, porém, não da forma desequilibrada e autocrata como se tem encontrado no mercado, configurado um despropósito coletivo.
Sabe queridos (as) Síndicos (as), administradores, prestadores de serviços, condôminos, desse nosso gigantesco Brasil, reclamamos da política, das organizações públicas e privadas, de que roubam, são omissos, visam apenas seus próprios interesses, que agem impulsivamente, que não priorizam o que deve ser visto como “importante”, porém, o mesmo padrão tem-se repetido nesse lugar que chamamos de nosso lar, seja pela ação direta dos representantes ou pela omissão deste, em conjunto com os condôminos, que nem sempre se envolvem e quando se envolvem, é para criticar ou cobrar coisas não relevantes ou vantagens individuais.
Confunde-se interesses com necessidades coletivas, liderança com autoritarismo ou com subordinação; habilidades, conhecimentos, “valores” – com precificação. Tem sempre alguém que sabe fazer melhor, do que quem de fato está fazendo, até o dia em que o cenário inverte. É muita gente jogando pedrinhas no próprio telhado, o qual, quase sempre é de vidro, cujo estrago, sobrará para todos.
Câncer, não é uma doença que atinge apenas um corpo físico. Câncer, é uma enfermidade que tem rodeado todas as áreas e meios que estamos inseridos. Sendo que tal maleficio pode ser evitado ou, então, potencializado.
Vejamos: “Alguns, valorizam a prevenção da enfermidade, investem em conhecimento, em bons parceiros de trabalho, valorizam a imparcialidade e as habilidades que podem rodear uma gestão qualificada; outros tantos, optam pela precificação. Alguns, atingem a cura, chegam cedo, há tempo de modificar o cenário. Outros, apenas remediam ou, arcam com a morte hipotética de uma gestão desqualificada, sofrendo os prejuízos oriundos de uma decisão equivocada ou de uma omissão descarada”. O que o seu condomínio tem escolhido?
É preciso qualificação, disposição, cuidado, investimento, bons parceiros e principalmente TEMPO, para a concretização de uma boa gestão de sindicância. Como também, é necessário que cada um exerça com maestria as atribuições que lhes são conferidas, sem se imiscuir nas atribuições delegadas, sendo estas, apenas fiscalizadas.
Poderia escrever um artigo com dicas jurídicas e operacionais sobre o dia-a-dia em condomínio. Mas já são tantos os excelentes profissionais que tem realizado este favor à comunidade condominial, que me sinto no dever de tentar inspirar este coletivo tão precioso que são os condomínios do nosso Brasil, a buscarem mudanças e melhorias em suas decisões, ações, reações.
Essas só serão possíveis se modificarmos nossas mentes e crenças limitantes, lembrando que o maior é àquele que serve e não àquele que impõe, que aprisiona. Maior é aquele que age visando o bem coletivo e, não aquele que age de acordo com seus próprios interesses. Maior é aquele que alinha e atua em parceria com toda a equipe, prestadores de serviços e demais envolvidos no trabalho para coletivo e, não àquele que fica arquitetando formas de derrubar o outro.
Registrando mais uma vez, que esta é uma percepção com base em pesquisa geral e, que existem tratamentos que às vezes, requer a aplicação de exceções. Assim, fica aqui, apenas um apelo:
ACORDA BRASIL! ACORDA CONDOMÍNIO!
POR UM MUNDO MELHOR, A COMEÇAR EM NÓS.
Vanessa Queiroz Ponciano- Advogada especializada em direito condominial, sócia proprietária do escritório Stankievicz, Ponciano & Rachkorsky Advogados Associados – em Curitiba -PR. Leciona em cursos técnicos de formação de Síndicos, palestrante, articulista
Fonte: artigo publicado no site do Sindiconet em 04.04.2018.
https://www.sindiconet.com.br/informese/servicos-condominiais-noticias-administracao